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Resenha Crítica de Filme: Preciosa - Uma história de Esperança

Havia algum tempo eu não era remetida a uma realidade tão dura e cruel ao assistir a um filme, como o foi hoje quando matei minha curiosidade para conhecer a história de Claireece Precious Jones no filme Preciosa - Uma história de Esperança. Em termos técnicos é fácil de entender por que teve seis indicações ao Oscar. O filme aglomera em uma única história alguns dos principais fatores que atraem os críticos de Hollywood, dramalhão, abordagem de problema de relevância social, encenação da realidade, enredo demasiado chocante e sem censura. Nada de muito novo foi o que vi em Preciosa, nada além de um enredo já bastante esteriotipado pelas telas de cinema. O longa é baseado no livro Push, de uma escritora americana chamada Sapphire, em grande ascenção na carreira, especialmente depois do sucesso do roteiro adaptado de seu livro para o cinema. Não gosto muito de filmes com excesso de palavrões e obscenidades. Creio que para alertar a sociedade para um problema tão sério, não seja necessário usar baixaria. Ao contrário, as bobagens faladas em demasia tiraram toda a seriedade da mensagem. Comparo esse caso a Tropa de Elite, por exemplo, que foi bem produzido, mas me indignou o tempo todo com tanta sujeira na boca dos personagens. Pode ser retrato da realidade, mas já que se trata só de encenação, alguns fatores poderiam ser descartados, ou ao menos minimizados, como por exemplo, a linguagem de baixo calão.


Mas não é para a produção que desejo chamar a atenção nesta crítica. Apesar de ser uma história que retrata uma realidade difícil de digerir, ela merece atenção. A personagem principal, Preciosa, sofre todos os tipos de abuso familiar: violência física, psicológica, sexual e negligência. É difícil acreditar que uma mãe seja capaz de tratar um filho da maneira como a mãe de Preciosa a trata. Mas infelizmente essa realidade existe, embora seja obscura para a maioria de nós. A adolescente de 16 anos, durante todo o filme, tenta escapar da vida que tem fantasiando um mundo glamouroso, completamente diferente daquele com o qual é acostumada. Cresce numa escola que aprova sem ensinar, dando-lhe poucas condições de mudar de rumo na vida. Preciosa mergulha no conformismo, crendo que a mudança cairá do céu um dia. Grávida do próprio pai pela segunda vez, é obrigada a se afastar da escola, e passa a frequentar um outro curso de educação avançada, onde a professora lhe mostra que só existe uma maneira de mudar, e essa maneira é lutando. Preciosa começa essa mudança oferecendo aos seus filhos uma vida diferente da sua.

Além dos problemas familiares desencadeados principalmente pela ignorância e crueldade da mãe de Preciosa, muito bem interpretada por Mo'Nique, que também não teve uma vida muito doce, o filme traz à tona problemas sociais bem comuns, como o assistencialismo gratuito que sustenta a migalhas famílias com condições de trabalhar, mas que permanecem no conformismo por não quererem bater pernas para lutar. Problema bem real aqui no Brasil também. Tais famílias ficam mergulhadas em uma realidade simplória por medo de perderem suas esmolas. Resultado: passam toda a vida sem educação, sem ambição e sem objetivos de vida. A assistente social vai à casa de Preciosa, vez por outra, para acompanhar o andamento da família, faz suas anotações, e vai embora, como se tivesse prestrado alguma ajuda. Exatamente como funciona o sistema.

Chorei boa parte do filme, em partes pelo choque, incrédula, que tive com as cenas. Não foi para mim um filme que merecesse tantas indicações ao Oscar, mas o destaque, sim, foi merecido. Espero de coração que esse filme desencadeie alguma, nem que seja mínima, atitude por parte do governo, da sociedade e das famílias. Do governo, para que a Educação passe a ser prioridade. Da sociedade, para que o comodismo pare de ser um meio de sustento e dê lugar ao trabalho árduo e o desejo por conhecimento. E das famílias para que a negligência e o pouco afeto uns pelos outros não se torne normal, como se realmente fosse o normal. Terei que dar duas notas e depois minha média final ao filme. Para a produção minha nota é 5,0. Para o enredo e para a retrartação da realidade como forma de conscientizar o público, minha nota é 7,0.

Minha nota final: 6,0


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