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Reflexão Literária: O Caçador de Pipas

"(...) Existe apenas um pecado, um só. E esse pecado é roubar. Qualquer outro é simplesmente variação do roubo. (...) Quando você mata um homem, está roubando uma vida, (...) está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia está roubando o direito à justiça".

Proferido pelo pai de Amir, quando dava ao filho a opinião a respeito do significado de roubar (O Caçador de Pipas,  páginas 25 e 26).

Resenha Crítica de Livro: O Caçador de Pipas

A grandiosidade da literatura está no fato de vivenciarmos a história como se ela fizesse parte de nossa vida. Não interessa qual seja o gênero, desde que seja interessante, nós colocamos as vestes dos personagens e nos prendemos de verdade ao enredo, temos a empatia necessária para tornar a história fantástica e fazermos dela um pedaço da nossa. Assisti ao filme Caçador de Pipas no cinema, ainda em 2008, e na época fiquei encantada e extremamente emocionada. Mas não se compara com o que senti recentemente quando li o livro. Muito mais recheado de detalhes, muito mais transponível para ensinar lições de vida, muito mais expressivo para fazer com que o leitor sinta verdadeira comoção pelos dramas dos personagens.

O futuro do presente... o presente do passado... e quantas eus existem pelo universo afora

Já comentei em outro post do blog sobre a teoria da viagem ao tempo, quando fiz uma crítica ao livro Operação cavalo de Troia. E a verdade é que há algum tempo venho me interessando demais pela possiblidade, real ou não, de visitarmos o passado e o futuro. Aliado a essa, por enquanto, teoria, discute-se outra hipótese, a de existirem universos paralelos.

No cinema, creio que ambas as questões começaram a acerretar discussões depois da trilogia fantástica De Volta para o Futuro, em que uma pequena alteração do passado mudou todo o futuro do mundinho de Marty. Em Efeito Borboleta o tema principal também se baseou nas consequências de nossas escolhas, e Evan, com o poder sobrenatural de voltar ao seu passado, através de seus diários, mostrou a quantas realidades diferentes estava sujeito quando retrocedia a um ponto determinado de sua vida e fazia uma escolha diferente. Depois que voltava ao presente, tudo estava diferente, tanto com ele, quanto com as pessoas com quem era envolvido. No filme Déjà Vu, uma tecnologia de última geração permitiu que o agente Doug mudasse um fato ocorrido quatro dias antes. Daí me pergunto, será que essa hipótese de viagem ao tempo já pode ser conjeturada de fato?

Voltar ao passado, mudando detalhes que fariam imensas diferenças lá na frente. Conhecer o que nos espera, com base nas nossas escolhas atuais. Viajar no tempo, mesmo que só em pensamento, permite-nos imaginar milhões de fatos que estaríamos vivendo, com base na escolha de dois caminhos, a cada segundo de nossas vidas. Em universos paralelos, eu teria escolhido outras profissões, esperado mais tempo para casar, teria mais de um filho, teria pintado meu cabelo de acaju. As possibilidades são infinitas. Essa é a graça da teoria do Universo Paralelo. Em mundos distantes e em outras dimensões, existem zilhões de "eus" fazendo escolhas e vivendo vidas diferentes das que esta Márcia está vivendo agora, aqui. Se em algum ponto da minha vida eu tivesse tomado outra decisão, quem sabe não estaria aqui escrevendo, estaria bordando.


Aí podemos ver que a teoria do universo paralelo está estritamente ligada à viagem ao tempo. Em De Volta para o Futuro, Marty mudou todo o seu futuro simplesmente por ter salvado seu pai do atropelamento que sofreu na história "original". Em Efeito Borboleta, o pobre Evan era muito azarado, nenhuma de suas escolhas foi de fato a melhor, entrando em outra discussão, a de que existe um destino. Mesma discussão levantada em A Máquina do Tempo. Bom, em destino eu não acredito. Concordo aí, com a minha psicóloga, que diz que nossas vidas estão alinhavadas, mas não determinadas.

Já questionei diversas pessoas com respeito à questão da viagem ao tempo, e já obtive milhares de repostas, milhares também nem tanto, mas em todo caso aqui vão as duas que mais ouvi, obviamente, com variações: "a Nasa está escondendo a tecnologia de viagem ao tempo, mas ela já foi criada há muitos anos" e "a teoria de viagem no tempo é uma bobagem inventada pelo ser humano para criar a ilusão de que pode mudar os erros do passado, mas o que foi não volta mais". E agora? Minha mera opinião é a de que nada é impossível, e que, sim, a viagem ao tempo PODE existir, mas ela não vai ser manipulada por qualquer pangaré, não. Vou deixar minha resposta bem vaga, porque não quero ficar falando muita bobagem. Quero simplesmente imaginar o que os outros "eus" estão fazendo agora, e o que poderia mudar no meu passado caso tivesse a possibilidade de fazê-lo? E você, o que acha? Só sei que é um assunto que funde a cabeça e nos faz viajar, não pelo tempo, mas na maionese.

"O simples vôo de uma borboleta pode causar um tufão do outro lado do mundo (Teoria do Caos)"

Mencionada no filme Efeito Borboleta

Resenha Crítica de Filme: Trilogia "Olha quem está Falando"


Dias atrás assisti ao velhaco Olha Quem Está Falando, primeiro filme dos três lançado em 1989, e fiquei emocionada, apesar de a história caminhar o tempo em direção a risadas. Só para começar, a trilogia mostra John Travolta no seu verdadeiro estilo, o de comediante. Não consigo engoli-lo como vilão, e consigo vê-lo um pouco em papéis dramáticos, como em Fenômeno, mas seu brilhantismo ocorre mesmo em comédias. E, não sei se aconteceu com outras pessoas, mas comigo, o ator ganhou uma estatueta mesmo fazendo o papel do taxista que se apaixona pela mulher grávida e faz de tudo para conquistá-la, terminando por representar a figura paterna do pequeno, de onde nasce o amor mútuo entre pai e filho.

Mas afinal, por que eu me emocionei então? Porque o filme me remeteu à velha infância, velha mesmo, e me levou às mesmas gargalhadas (misturadas às lágrimas disfarçadas) que me deixavam tão felizes. Assisti ao filme no cinema, um dos primeiros que vi na telona. É certo que dormi lá pelas tantas, afinal, eu tinha somente quatro ou cinco anos no máximo, mas em casa pude revê-lo milhares de vezes, sem que a história jamais perdesse a graça. O que me dizem? Concordam comigo? Pergunto aos nascidos na década de 80, por favor, não me venha alguém nascido depois de 1990 criticar o filme que eu viro uma fera... rsrsrs... brincadeirinha! Gosto é gosto. Mas apesar disso não consigo entender os desagradados. Hoje mesmo li a crítica de uma menina dizendo que o filme é "legalzinho", mas que para o ano está de bom tamanho. Ah, por favor! Claro que a trilogia não foge às regras. O primeiro é fantástico. O segundo, muito divertido, mas não chega nem aos pés, não, não, nem à cintura, para não exagerar tanto, do primeiro. E o terceiro tem partes muito divertidas, gostei bastante na primeira vez que vi, mas já fica um tantinho forçado em relação aos primeiros.

Ah, não posso deixar de mencionar que este é um dos poucos filmes a que valem à pena de verdade assistir na versão dublada. O dublador do bebê na versão original é o Bruce Willis, e o mesmo dublador no Brasil que faz oficialmente as dublagens do Bruce, fez a do bebê. Só posso dizer que ficou fantástico. Como não existe trailer legendado disponível, não que eu conheça pelo menos, vou colocar um trechinho do filme para você dar uma olhadinha. E um trailer na versão original.

Minha nota para o primeiro: 10,0
Minha nota para o segundo: 9,0
Minha nota para o terceiro: 8,0


Cidade pequena e modesta com um espaço de lazer de primeiro mundo

Museu municipal de Caçador
Uma raridade interessante aqui. Uma ponte velha e bonitinha acolá. Essa era a definição generalizada da minha cidade natal, que nunca teve lá muitos atrativos. Era, aliás, um lugar bem chato e pacato, e as únicas atividades saudáveis que me atraíam, exceto jogar baralho com meu pai, era passear a pezão para ver alguns gatinhos. Mas como eu nunca fui fã de boates e encontros sociais, a minha felicidade em morar em Caçador - SC se limitava unicamente à doce casa do meu pai, que até hoje me dá uma sensação de tranquilidade só de sentir o cheiro quando atravesso a porta de entrada. Sempre critiquei os materialistas demais, mas não posso negar que por aquela casa, até alguns anos atrás, eu voltaria a morar em Caçador. Hoje não pretendo voltar meeeeeeeeeeesmo pra lá. Mas não é sobre meus desejos de habitação que escrevo hoje. E sim, sobre uma ideia que se materializou e valorizou Caçador no mínimo 50%. Falo do Parque Central construído em 2009 pelo governo municipal atual. Não sou partidária. Qualquer um sabe disso. Mas tenho que tirar o chapéu para a prefeitura da cidade por ter idealizado uma obra tão magnífica.

Quem conhece Caçador se lembra muito bem daquele gigantesco terreno vazio (não sei se era baldio ou não) em frente à rodoviária. Abandonado há sei lá quantos anos, no mínimo 25, e que servia só como atalho para o centro da cidade. Pois é, ele não existe mais, porque agora se tornou o principal ponto turístico do município. O parque se assemelha muito ao Parque do Bacacheri de Curitiba, a respeito do qual já fiz um post há mais de um ano. Há espaço para caminhada, para ciclismo, quadras de esporte, equipamentos de ginástica, parques infantis e um monte de outras coisas bacanas que, francamente, não me lembro de ter visto em outra cidade do porte de Caçador. Meu pai continua elogiando o parque até hoje, "esse bando de adolescente não está mais largado por aí se drogando, agora eles vêm conversar e aproveitar o tempo jogando uma bolinha aqui", disse mais ou menos isso... hehehehe... Mas ele tem razão, sem dúvida é um empreendimento que não vai cansar a população, e eu, realmente, gostaria muito que o prefeito de Tubarão copiasse a ideia. Seria fantástico aproveitar os espaços inutilizados da minha nova cidade para fazer algo desse nipe. Não tenho dúvida de que Tubarão seria uma cidade ainda mais gostosa caso uma obra assim fosse construída também.

Fonte: Site do governo do estado. Outras fotos do parque também estão disponíveis abaixo ou no link.

Resenha Crítica de Livro: A Escrava Isaura e o Vampiro

Mês de outubro foi a estreia do Clube do Livro aqui de Tubarão, idealizado pelas grandes Karen Novochdlo e Kellen Baesso. Fantástico porque, além de encontrar antigos amigos, conhecer novos e bater um papinho para descontrair, temos uma ótima desculpa para sustentar o vício da leitura e o da compra de livros. O problema é quando o livro é chato, como foi o caso do primeiro A Escrava Isaura e o Vampiro, comédia de Jovane Nunes.


Comentei com uma das integrantes do clube que eu estava receosa de ser sincera e dizer o que eu realmente havia achado do livro, porque acreditava que minha opinião não se assemelharia à dos outros, e eu pareceria ridícula. Mas ao longo da conversa, percebemos que o livro não agradou muito o povo todo mesmo.

Mas antes de citar os podres, prefiro listar os poucos pontos positivos da obra. O autor conseguiu me atrair um pouco pelas críticas satirizadas aos problemas do Brasil. Conseguiu me fazer achar um pouco de graça nos problemas políticos e sociais do nosso país. Alguns trechos também foram bem bolados e até me arrancaram pequenos risos. Acho que pontos positivos se limitam a isso.

Então, o que dizer sobre o que me desagradou na história? Primeiro, comédia por si só não é meu estilo literário e cinematográfico preferido, mas ainda assim, existem algumas que são aproveitáveis. Não é o caso desta em questão, apesar de, como falei anteriormente, alguns trechos serem exceções. Mas de um modo geral, a obra perece aquelas comédias americanas forçadas, como por exemplo Todo Mundo em Pânico, ou ainda, um exemplo nacional mesmo, Zorra Total, quem sabe por ser o autor roteirista de alguns dos quadros do programa. As piadas do livro são cheias de clichês, forçadas e sem a menor criatividade. Há apelação sexual demais e tudo fora do contexto. E o pior, não consegui contar quantos erros gramaticais havia na obra. Achei incrível erros tão gritantes terem passado despercebidos pelos revisores. Vou tentar vender o livro em algum sebo. Embora minha crítica esteja denegrindo tanto a imagem da obra que dificilmente eu vá conseguir passá-la para a frente... hehehehe

Minha Nota: 4,0

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Feriadão é sempre aproveitável, por mais que a gente se incomode de vez em quando. Semana passada por exemplo, revi minha querida amiga Mari, na casa de quem tive o privilégio de ler a seguinte citação:

'Com mãos irrefletidas e impacientes, embaraçamos os planos que o Senhor criou. E, quando choramos de dor, Ele diz: “Fique quieto, homem, enquanto eu desfaço o nó”'.

(Citação do Apóstolo Boyd K. Packer em discurso proferido em outubro de 2009)

Leia o discurso completo aqui.